Só ele sabia o quanto ela era brava, mas só ela sabia o quanto ele tinha o coração bom. Cada final de discussão a mesma liturgia. Algumas mensagens e depois a ligação derradeira, com os dois pedindo desculpas, admitindo que tinham exagerado. Ele soltando aquele sorrisinho de canto de boca, ainda marrudo, mas que ela já reconhecia como o código que afirmava quando estava tudo bem.
Quando iam pra roda de samba, ele sempre fazia propaganda dos dotes de cantora da mulher. Ela, tímida, cedia aos pedidos, sentava e ali se fartava de cantar. Esquecia da hora de ir embora. Distribuía sorrisos e simpatia. Ele, por sua vez, fica todo orgulhoso no começo, mas ao final já estava todo bravo. Tomado de ciúme, repetia que ela não tinha limite. “Você é foda” essa era sempre a sua frase no fim da noite. Ela dava risada da sua braveza.
Esse era o jeito deles. Essa era a felicidade plena construída dos momentos em que o prazer era um só.
O Samba é Meu Dom, Fabiana Cozza
08/07/09
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