quinta-feira, 23 de julho de 2009

A moça dos olhos

Ela estava louca para casar. Sentia-se pronta. Tinindo. No começo achava que isso era fruto da sua criação conservadora, mesmo sendo ela uma artista de espírito livre e vida moderna. Depois passou a observar-se melhor. Fez análise. Encanou que tudo isso era a crise dos 30 anos, aquela que, toda mulher solteira, em algum momento, sabia que enfrentaria. Por fim, começou a notar que estava mesmo era cansada da solidão. Queria cantar em dueto. Queria um par para dividir.

Bonita que só vendo, não era difícil encontrar companhia, mas sua ansiedade parecia transparecer. Os romances não passavam do segundo encontro. Em meio à desilusão, que lentamente apagava o seu brilho, chegou a pensar em aceitar qualquer pretendente disposto a lhe preencheria o vazio. Tudo isso até ligar o computador naquela tarde. Ao olhar para tela, reconheceu que não havia espaço. Todo seu peito era cheio de um amor gigante que sempre teve endereço. Leu, sem acreditar. “Quer casar comigo?” ele dizia.

Morreu e reviveu feliz naquele segundo. Os olhos grandes voltaram a brilhar depois daquele instante.


Os Outros, Kid Abelha

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