quarta-feira, 29 de julho de 2009

Domingo

“Asas vadias sobrevoando a tardinha”. Era assim o pensamento depois de um dia angustiante. Enquanto ele ironizava suas letras, com as mãos ensaboadas da louça do almoço, ela desistia de ficar brava. Riu das diferenças.

O Corinthians jogava na tv da sala. Ela, frente a sua tela nua, sentia o cheiro da chuva que caia. Olhou para os cds e deixou o Chico cantar. Pensou se um dia a alma daquele homem fora presa. Não chegou à resposta. Teve apenas a certeza que ela já fora angustiada. Lembrou-se de um de seus próprios textos. Notou que a pena sempre lhe foi cara em momentos insones, em instantes de treva. Hoje não era um desses. Era uma simples tarde chuvosa. Vazia e bonita, como em todos os dias de chuva clara.

O piano de “A ostra e o Vento” inundou sua alma. Teve a certeza de que seria eternamente melancólica e livre. “Deixe-me caminhar ao vento”. Graciosamente gris, serenamente livre “carregando o vento”.

20/03/05



A Ostra e o Vento, Chico Buarque.

Nenhum comentário: