segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Alma




Têm horas que a alma só se pronuncia no silêncio dos olhos.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Tempo


E foi assim... Mesmo depois de todo tempo seus olhos continuavam iguais. Muitas coisas próximas e distantes. Pouca cerveja, algum misto-quente. Uma vontade de ficar. O desenho animado na camiseta. A curiosidade que aproxima, mas não o suficiente. Sargitário, sargitário, sargitário. Vontade de ficar mais um pouco. Bukowski sugere a próxima lua.

Usuário na via

O metrô parou. Usuário na via. Ninguém se incomodou a não ser pelo atraso da manhã. Talvez tenha sido uma criança a resgatar o seu brinquedo favorito dos trilhos. Mas e daí... Não era conhecido.

Indo para o trabalho e refletindo sobre a indirença alheia.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Zeca



Ontem, 04/02, o Jessé lá de Irajá completou 50 anos. Engraçado como todo mundo se sente meio íntimo do Zeca Pagodinho, né? Ele parece um patrimônio brasileiro, retrato de um cara boa praça, divertido e tudo mais. Eu não sei se ele é isso, mas para mim soa assim. Certa vez, entrevistei o Mauro Diniz por telefone para falar do lançamento de um dos seus cds. Ele estava com a esposa na casa do Zeca. Era dia de semana, à tarde, e enquanto o Mauro conversava comigo o Zeca gritava no fundo para ele desligar, pois estava perdendo o último capítulo da novela O Cravo e a Rosa. Era uma festa que poderia ser na minha casa ou na sua. Ninguém dizia que aquela algazarra com “cheiro” de café da tarde era na casa de um dos artistas mais populares do Brasil. Fiquei encantada com a despretensão e morrendo de vontade de ser convidada para uma das rodas de choro rotineiras no lugar. Esse é o Zeca que eu percebi.

Vida muito longa ao Zeca Pagodinho!

Essa é uma das minhas preferidas da atualidade.

(Canto para Ogun)

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A hierarquia da sabedoria

Eu sempre refleti sobre esse assunto, mas domingo, durante o ensaio da Vai-Vai lá no Bexiga, esse pensamento se materializou em alguns rostos negros talhados pela vida. Uma multidão dividia a rua e brigava silenciosamente pelo melhor lugar. Uma batalha feliz e cordial. Uma luta alegre de Carnaval. Ninguém vai deixar de ir ao Vai no próximo domingo por conta da lotação. Nessa época, em qualquer escola, se o ensaio estiver vazio é melhor se preocupar.
Enquanto a multidão trocava calor humano, uma ala reservada com mesas e cadeiras, privilegiadamente ao lado do palco, era ocupada tranquilamente pela velha-guarda e por pessoas da comunidade que fazem a escola brilhar. Uma delicadeza simples, mas que ressalta que naquela comunidade a hierarquia é construída pela sabedoria. Tenho algumas ressalvas ao Vai-Vai, mas tiro o chapéu para o seu Carnaval e história. Domingo minha admiração pela escola cresceu mais um tanto.

Lá na Bela Vista, em 2009, eles cantam assim:

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Sábado feliz!

31/01/09

Sábado lindo de Sol. A Lulu na casa do pai e eu travestida simplesmente de Tati para curtir o fim de semana. O primeiro roteiro era conhecer a galeria Choque Cultural voltada à arte jovem e urbana, mas quando encontrei meu compadre na porta da FNAC Pinheiros o dia pedia muito mais uma cerveja ao ar livre.
Resolvemos corrigir a rota, deixamos a Choque para um dia mais cinza e rumamos para a Benedito Calixto. Comidinha, birita gelada, música perfeita e um amigo pra lá de especial. O sábado a essa altura já estava fazendo jus ao título de “dia perfeito”. Em meio a choros bem tocados surge um homem robusto de sunga no meio de uma multidão vestida. O figura faz uma performance frente aos músicos velhinhos e sai sorridente. Dou muita risada e depois tenho a sensação de “isso é São Paulo se divertindo”. Encontramos mais uma amiga, a Lidiane, e seguimos para Vila Madalena.
Não resistimos ao Ó do Borogodó. Logo na entrada sou recebida por Pintura sem Arte do Candeia, tocada com maestria pelo Inimigos do Batente. A partir daí foi um desfiladeiro de coisas boas numa roda de samba perfeita em homenagem a sambista Denise do Peruche recém falecida. E assim a noite caiu num sábado lindo, divertido, singelo e amado ao lado do meu companheiro Danico. Inserida na minha cidade tão cinza e tão azul, percebo que São Paulo consegue ser sempre muito saborosa pra quem se dispõe a degustá-la.



Pintura sem Arte, Candeia

Morte triste. Morte bonita

30/01/09

Foi assim. Uma quadra amiga, o Camisa Verde e Branco. Uma festa, a escolha do Cidadão samba. Sua bateria ditando o compasso, o Peruche. Uma corte, a Embaixada do Samba Paulista. Um alicerce cantando, Denise. Cantou, cantou, sambou, festejou. Desceu do palco. Tempos depois choro e correria. A sua bateria ainda tocava. Silêncio. Denise do Peruche foi sambar e cantar em outro lugar.

“Se houver tristeza que seja bonita
Pois tristeza feia o poeta não gosta
Um surdo marcado o tom da cuíca
Viola pergunta mais não tem resposta.
Quem rezar por mim que o faça sambando
Porque um bom samba é uma forma de oração
Um bom partideiro só chora versando
Tomando com amor batida de limão...
Um sambista não precisa ser membro da academia
Ao ser natural em sua poesia
O povo lhe faz IMORTAL”

Vida longa a sua arte Denise. O samba paulista acordou chorando essa manhã.




Conheça a Unidos do Peruche, uma das escolas de samba tradicionais de São Paulo e antiga morada da Denise. http://www.unidosdoperuche.com/

Consagração que não vem do colégio

30/01/09

O casal que representa o samba paulista em 2009 não foi escolhido por voto popular ou qualquer outro meio. Ele foi escolhido entre os membros da Embaixada do Samba, que reúne os sambistas “imortais”, por indicação dos seus pares. Uma festa bonita na quadra do Camisa Verde e Branco. Um dos eleitos é o meu mais novo amigo Orlando. Sambista nato que tem uma longa história na Nenê da Vila Matilde. Por lá ele já fez tudo que um sambista de fato tem a competência de fazer. Estou matutando uma forma, mas em breve postarei entrevistas e histórias importantes dos imortais da Embaixada.




Conheça sobre a embaixada: http://www.uesp.com.br/embaixada1.htm