quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

2010

A sala estava vazia. O peito ainda cheio. Não havia silêncio em lugar algum. Todo seu universo murmurava. Não mais gritava, como em tempos de mocidade. Os anos o doutrinaram e agora ele apenas emitia sons educados e silenciosos, que muitas vezes falavam só pelo olhar.

No ano corrido aprendeu a conviver com a perda. Entender que não existe poder sobre o destino. “Que a dor é vai e vem, qual onda no mar”, como diz a sua canção preferida.

Nada de mágoa remoída, uma serenidade construída à tijolos de desespero. Uma sanidade que vinha do insano.

Gostava-se mais agora. Sofria mais agora, pois o silêncio é inimigo do alívio. Notava que a cada dia todos morrem um pouco. O tempo é ouro e paciência virtude.

Não tinha do que reclamar, porém sua alma se despedia de mais um ano lindo cheia de saudades do que não viveu. Será que a vida é essa eterna saudade? Que a evolução é a resignação do que não chega? É sempre sorrir, apenas porque tudo correu bem? Finda o ano melancólica, mas lutando para fazer “do verso uma canção delicada...”, combinando assim com seu jeito sorridente de viver.


Delicada, Teresa Cristina, grávida e cheia de luz. A vida se renovando...