terça-feira, 28 de julho de 2009

Narizinho

As duas adormeciam sempre abraçadas. Esfregavam levemente o nariz um no outro até o sono chegar. A pequena não gostava de cobertor. Por isso, mesmo em dias quentes, era obrigada a dormir vestida. Preocupações da jovem/velha mãe. Depois que o sono se instalava plenamente na cama grande, cada uma virava para o seu lado.

No leve breu, depois que os braçinhos já haviam descansado, a voz infantil disse: “Mamãe, quero deitar desse lado”. A mãe virou-se para ela, abraçou-a, beijou-lhe a testa e fez narizinho. “Te amo, meu amor. Mamãe está aqui”, disse baixinho. Ela, com os olhinhos fechados, só acenou um “sim” com a cabeça. Naquela noite permaneceram abraçadas até o amanhecer.


Luísa, Chico Buarque e Francis Hime.

Nenhum comentário: