sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Solidão em par

As coisas já não iam bem há tempos. Ela sabia disso. Ele também. A esperança de que tudo se ajeitasse, fazia com que empurrassem os dias com a barriga, como se pudessem se contentar com pouco. As brasas de vida eram latentes nos dois. As faíscas ainda acendiam quando sentiam o cheiro da pele do outro. Assim foram indo, esperando o destino. Certa hora, as brasas amornaram. Ela a cada dia se fazia mais bonita, esperando que tudo voltasse. Na rua todos a percebiam. Na sua cama, tudo era sono, só sono.

Naquela noite foi diferente. Depois da produção ela se deitou, como sempre, aflita por atenção. Reparou no marido ao lado, que, ignorando quem sempre fora o seu melhor par, preferia o prazer solitário. Ela virou-se, fingiu não perceber. Passou a noite em claro, enquanto todos dormiram. Quando acordou, arrumou suas coisas. Era o fim.


Ponto de Interrogação, Grito de Alerta, Explode Coração e mais, Gonzaguinha

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