quarta-feira, 17 de junho de 2009

Efeito do Martini

- Casar?
- É casar! Por quê?
- Você nunca quis casar!
- Mas agora eu tô a fim. Você não quer?
- Quero... Mas você me pegou de surpresa.
- Tudo bem... Esquece... Eu já entendi.

Saiu. Resolveu parar num bar e escutar música. Arrependeu-se de ter falado aquilo. Bebeu o primeiro drink. Só parou na sexta dose. Acabou a noite dançando com um desconhecido. Quase aceitou a carona que ele lhe ofereceu, mas preferiu ir sozinha. Fez sinal para um taxi, ainda sob os efeitos do Martini. Deu o endereço da casa de seu namorado. Subiu as escadas, imaginando como ficariam quando estivessem com uns 70 anos. Dois velhos, ranzinzas, mas que ainda roçavam os pés na hora de dormir.

Destrancou a porta. Queria causar surpresa. Entrou. Ele estava ali, dormindo. Havia uma mulher ao seu lado. Deixou um vaso cair propositalmente. Eles acordaram. Olhou-o cheia de lágrimas. Ele se levantou sem falar nada. Pegou-lhe pela mão. Abraçou-lhe. A desconhecida foi embora muda.

Os dois, meio sem entender, deitaram e adormeceram roçando os pés. No mês seguinte se casaram. Ambos preferem acreditar que aquela noite não passou de alucinação. Efeito do Martini



Último Romance da banda Los Hermanos em cenas do filme Elza e Fred, um Amor de Paixão, do diretor argentino Marcos Carnevale.


23/10/2001

Um comentário:

John disse...

Aaaaah, lembro que você me mostrou esse quando a gente tava começando a virar amigo... Quem diria que eu ia acabar virando seu padrinho e seu compadre :-)